Dia Nacional do RPG

Boas pessoal. Para quem não me conhece, sou o Emerson "Scragnot" Padula (Scrag para os íntimos), 30 anos, um dos gestores do coletivo RPG & Cultura, trabalho com desenvolvimento de software há 12 anos e já ultrapassei o limite do bom senso comendo pizzas diversas vezes.

Quando surgiu a proposta do dia nacional do RPG, comecei a pensar em como o RPG é uma atividade interessante pelos diversos aspectos que ela pode assumir, sendo divertido e lúdico em momentos mais leves com amigos mas também podendo assumir tons de aprendizado e transformação. Pensando nisso, comecei a perguntar para alguns amigos como esses aspectos influenciaram em suas vidas e escrevi seus relatos.

Queria começar pelo começo, em 2009. Em uma das primeiras mesas do projeto RPG & Cultura, uma garota pegou as informações do poster do projeto e resolveu ver qual era a desse grupo de jogos. No primeiro dia, um domingo, uma elfa druida começou sua aventura e uma humana do mundo real continuou com ela durante anos jogando nesse e em outros grupos, conhecendo pessoas, criando sua própria proposta de atividades, adquirindo conhecimento, habilidades e experiência. Hoje ela é gestora do projeto que a acolheu há quase 10 anos. Graças aquele poster que hoje posso chamar a Bia de amiga.
Em 2012, Bia, ao fundo, narrando D&D já pelo RPG & Cultura

E foi diversão o que tive numa conversa com meu grande camarada Lucas quando me contou do relato de quando estava jogando de paladino e ele, em uma luta épica contra um dragão lich, sozinho pois seu grupo já estava abatido, se manteve de maneira heroica lutando. Sucessos e fracassos eram rolados e a luta seguiu acirrada até que o dado resolve sorrir... mas para o lado errado. Duas (!) falhas críticas seguidas terminam a luta e o dragão lich sobrevive para terminar sua maldade com apenas 5 pontos de vida.
Lucas, de camisa azul, ainda não sabe, mas vai ter 2 erros críticos seguidos.

Mas a sorte não afeta apenas as rolagens. Quem diria que de uma mesa de RPG poderia surgir um amor e uma vida nova? Erika e Vinicius que o digam, e o fruto da linda relação deles, o pequeno Hari. Os dois se conheceram numa mesa mestrada pelo Mauricio e, até onde eles me contaram, nada parecia que ia dar certo entre eles até que em algum momento o destino rolou alguns sucessos em carisma e o amor surgiu. E algum tempo depois veio o Hari. Bonito, não?
Família linda!

Quem olha pra pequena Gabi hoje não pensa que a alguns anos ela não iria rir de nenhuma das minhas piadas, não que elas sejam boas, mas esse não é o caso. Uma garota que começou a se socializar por conta do RPG, pois conseguiu enxergar a diversão e os valores dessa atividade. Achei engraçado quando eu conversei com ela, pois uma coisa que ela me disse foi que seu repertório aumentou tanto por conta do RPG, que ela se sentia capaz hoje de conversar de qualquer assunto com pessoas de qualquer idade e, bem, temos uma diferença de idade de mais de 10 anos! E mais importante de tudo: hoje ela se sente mais leve e feliz por conta do RPG.
Definitivamente mais leve e feliz.


RPG como profissão? Mauricio Borges é o cara. Lembro de que quando nos conhecemos, minha pergunta foi: "Como você ganha a vida jogando RPG e onde eu assino?". Na verdade não é tão simples. Mauricio sempre jogou RPG e, logo cedo, em uma taverna com mais 6 amigos, formou o coletivo Projeto RPG & Cultura justamente para difundir esta cultura, isso no longínquo ano de 2008. Não satisfeito, formado como educador social, resolveu ajudar jovens de todos os tipos com seus conhecimentos e experiência acumulados, transformando seu hobbie em profissão. Hoje, até onde sei, ele é o único educador social a utilizar o RPG e outras ferramentas com sucesso em seu trabalho.
Felicidade no olhar de quem trabalha naquilo que acredita.

Alias, como falar do Mauricio e não falar de seu companheiro de aventuras, o Henrique ou, como costumo dizer, a cabeça mais brilhante do grupo. Inicialmente um jovem careca e humilde, pressionado por todos os lados, limitado em locais para se divertir, viu o RPG como ferramenta de desenvolvimento de sua personalidade. Criando mundos e aventuras para ele e seus amigos, ele passou a enxergar os aspectos da humanidade com outros olhos. Como ele mesmo disse: "Por meio da leitura, aprendi regras, disciplina e companheirismo".
Não é um cara brilhante?

Também existem casos de superação, né Zezé? Ezequiel, um rapaz comum que, em um momento de grandes dificuldades conheceu o RPG. Como diria o narrador de Joseph Climber, "Ele estava chateado, deprimido, sem vontade de cantar uma bela canção", mas desistir não era para o Ezequiel. Descobriu no RPG uma ferramenta para passar suas experiências indiretamente para outros jovens e tornou isso uma de suas missões de vida. Uma missão fantástica, se me permitem uma opinião.
Ezequiel, ao fundo, narrando em 2015.

Bom, e quanto a minha história? O RPG me trouxe amigos e me permitiu descobrir meu propósito. Graças ao RPG eu percebi que poderia fazer mais, levar um pouco do que gosto para outras pessoas, seja pela brincadeira ou pelo desenvolvimento intelectual. Descobri que com esse pouco poderia deixar um legado que, mesmo que pequeno em cada parte, se torna enorme quando reunido. Descobri que o valor que o esforço das pessoas que acreditam em uma causa pode mudar vidas. E por isso, mesmo sem jogar RPG atualmente, coloco nele diariamente parte de mim, pois sei do poder que ele tem.
Afinal de contas, sem amigos não da pra derrotar Cthulhu.

E você? Sim, você, meu caro amigo leitor. Quais histórias você tem para compartilhar? Acredita que o RPG pode mudar vidas ou é apenas mais um joguinho? Deixe suas histórias ou comentários nesse post.

PS: De coração, agradeço a todos que compartilharam suas histórias comigo. Foi emocionante ouvir e escrever cada uma delas.

Comentários

  1. 2 erros críticos! Que paladino cai cai!! Kkkkkkkkk ... Nunca mais Mukdar henkh'l (sim, esse é o nome do paladino) lutou contra um dragão lith...
    #forçamukdar "pq "dar" é legal!"- Mukdar

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